Polícia avança nas investigações; volante do São Paulo pode enfrentar punições severas
O volante Damián Bobadilla, do São Paulo Futebol Clube, foi formalmente indiciado por injúria racial pela Polícia Civil de São Paulo. A acusação surgiu após um episódio polêmico envolvendo o lateral-esquerdo Navarro, do Talleres, da Argentina. O caso aconteceu no dia 27 de maio, durante uma partida da Copa Libertadores, e ganhou repercussão nacional.
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Segundo o delegado Rodrigo Correa Baptista, responsável pela investigação na DRADE (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), imagens do sistema interno do estádio Morumbis foram fundamentais para reforçar a acusação contra o atleta paraguaio. O São Paulo colaborou com a entrega dos registros de vídeo.
Bobadilla prestou depoimento nesta quarta-feira (11), após retornar de compromissos com a seleção paraguaia durante a Data Fifa. Apesar de ter apresentado sua versão dos fatos, o delegado afirmou que os relatos de testemunhas e da vítima foram considerados mais consistentes.
Injúria racial e consequências legais
De acordo com a legislação brasileira, injúria com conotação xenofóbica ou racista é tipificada como crime de racismo, o que torna a acusação ainda mais grave. A pena prevista é de dois a cinco anos de prisão. Além da esfera judicial, o jogador também pode enfrentar sanções esportivas, como suspensão de torneios organizados pela Conmebol.
O delegado destacou que a versão da vítima foi reforçada por jogadores do Talleres. “Bobadilla não trouxe nenhuma testemunha que pudesse contradizer os relatos. Por isso, concluímos pelo indiciamento por injúria racial.”
Em entrevista ao portal Globo Esporte, Bobadilla negou que tenha proferido a frase “venezuelano morto de fome”, como inicialmente relatado. Segundo ele, a discussão aconteceu em meio ao calor do jogo, após provocações mútuas entre os atletas. “O Navarro também me xingou. Disse ‘Boludo, hijo de put’. Eu respondi com ‘venezuelano de merd’, não com ‘morto de fome’, como disseram. Depois, conversamos e ele até me pediu desculpas. Entendeu que eu não quis ofender suas origens”, justificou Bobadilla.

Miguel Navarro em campo pelo Talleres. (Photo by Christian Alvarenga/Getty Images)
O episódio reacende o debate sobre racismo e xenofobia nos gramados da América do Sul. Não é a primeira vez que episódios desse tipo ganham destaque, o que pressiona federações, clubes e torcedores a repensarem comportamentos e posturas dentro e fora de campo.
São Paulo ainda não se pronunciou
Enquanto o inquérito se aproxima da fase final, o caso segue para avaliação do Ministério Público e, possivelmente, do Judiciário. Bobadilla segue treinando normalmente no São Paulo, mas o clube ainda não se pronunciou oficialmente sobre o indiciamento.

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